um pequeno prólogo antes de falar sobre o livro. numa reunião que fiz com amigos em casa, alexandra me presenteou com essa obra. achei curioso, evelin havia falado sobre esse livro dias antes e juliana estava estudando sartre. achei a coincidência interessante e deixei de começar a ler on the road, de jack kerouac, para ler o livro em questão. a coincidência continuou quando, logo no começo da leitura, vi que o personagem principal (mathieu) tinha 34 anos: minha idade. aliás. motivo pelo qual a alexandra me deu o livro, meu aniversário, há pouco mais de um mês. prólogo feito, vale um resumo do pensamento de sartre, feito por ele mesmo, ao completar setenta anos:
"para mim, o que vicia as relações entre as pessoas é que cada um conserva, na relação com o outro, alguma coisa de oculto, de secreto. penso que a transparência deve sempre substituir o segredo. e penso muito no dia em que dois homens não terão mais segredos entre si porque não mais os terão para ninguém, porque a vida subjetiva, assim como a objetiva, estará totalmente aberta".
é um pensamento compartilhado por mim. identifico-me com o autor. porém, em a idade da razão (1945) a transparência não substituiu o segredo. os personagens se sufocam, se torturam. e de uma maneira que me deixou desconfortável. o livro me irritou um pouco. foi uma leitura irritante, do começo ao fim. se ainda não atingi a idade da razão, espero atingi-la com mais poesia.
"levei uma vida desdentada", pensou. "uma vida desdentada. nunca mordi; esperava, preservava-me para mais tarde - e acabo de perceber que não tenho mais dentes".
esse tipo de prosa, essa infeliz constatação tardia, não me pertence. bom, por ora.
1 comment:
Digamos que eu cheguei precocemente a essa constatação tardia. Acho que internamente sou a mais frustrada, por isso fiquei feliz com a frustração de cada um. Tipo "Não estou sozinha".
Post a Comment