Sunday, January 13, 2013

Se é verdade eu não sei... #1

Odair* chegou pra mim na rodoviária de Paraíso do Tocantins com aquela conversa bem manjada de quem tá pedindo dinheiro pra cachaça: "Oh fera, tô pedindo dinheiro pra poder comprar minha passagem. Falta somente 25 reais". Puxei prosa com o sujeito e ele me contou que a cada 15 dias ele abastece seu caminhão com aquelas bolas coloridas, aquelas bem grandes que crianças adoram, e sai por várias cidades do Brasil revendendo. Me contou que seu caminhão tombou e perdeu toda a mercadoria que tinha. A cabine do caminhão ficou toda queimada. Odair tinha marcas de queimaduras pelo corpo, pequenas marcas, e um curativo até que grande na testa. Ao me contar a história, ele fazia aquela cara de coitado, que no meu julgamento era até um pouco forçada. Odair me contou que era da Bahia, da cidade de Seabra. Disse que tinha esposa e filhos. Disse também que estava tentando juntar dinheiro pra comprar a passagem havia 8 dias, e que estava usando um pouco da grana pra comer. Uma refeição por dia, somente. A passagem custava 170 reais. Eu estava sem um puto do bolso, meu dinheiro estava no hotel e só estava com cigarros e uma latinha de breja na mão. No outro dia, o vi circulando pela cidade e à noite, esperando meu ônibus pra Imperatriz, ele me viu e veio todo contente me mostrar os 170 reais que tinha conseguido e que estava feliz voltando pra Seabra.  

* Nome alterado.