ocupação é a palavra da vez. ações de ocupação estão acontecendo em todo o mundo. no meio do ano passado um rapaz no tumblr veio com essa frase we are the 99% e em menos de um ano isso virou o slogan de todo um movimento. há muitas coisas para serem ditas sobre os movimentos de ocupação, mas em linhas gerais, quase todos tem as mesmas características: não são violentos, presença das diversas manifestações de arte, ocupam o espaço público, são divulgados e combinados pela internet, são organizados de maneira horizontal, ou seja, sem líderes como numa organização hierárquica vertical. todos lutam por uma estrutura econômica e relação de poder mais justas. não tem nada de novo nisso, mas é a primeira vez que ganha o mundo inteiro de uma vez. na sua essência esses movimentos são anarquistas. o anarquismo é fonte de uma discussão sem fim. há alguns que dizem que não estamos preparados para viver numa sociedade anárquica. mas o que você tem hoje? eu tenho vários amigos, muitos bem próximos, que acordam todos os dias e estão prontos pra enfrentar horas de deslocamento em situações nada confortáveis, nada humanas. não bastasse o deslocamento diário estressante, estão prontos pra um dia de trabalho de oito horas. isso, na sua grande maioria, por cinco dias da semana. por anos e anos até a velhice de suas vidas. se você está pronto pra isso, você está pronto pra qualquer coisa. basta abrir os olhos. olhe ao seu redor. como isso pode ser melhor do que querer a cidade para as pessoas, com ações mais diretas e menos burocráticas. com pessoas ocupando o espaço público, trocando experiências, ensinado coisas umas pras outras, aprendendo, se manifestando. com relações de trabalho mais humanas e não como esse modelo exploratório no qual vivemos. isso é migalha. todos merecemos mais tempo, temos uma vida pra viver, a única. há todo um movimento acontecendo. como diz a imagem aí de cima: 99 to one. those are great odds. stand together.
Friday, March 30, 2012
Tuesday, March 27, 2012
jello biafra
eric reed boucher, mais conhecido como jello biafra. nascido em 1958. foi somente a voz do dead kennedys. sempre curti, mas foi algo que fui aprendendo a apreciar com o tempo. uma das bandas mais importantes do movimento punk e os pais do que hoje chamamos de hardcore. no último sábado, dia 24, jello biafra e sua banda the guantanamo school of medicine se apresentaram no beco 203, na augusta. a casa nem estava tão cheia como imaginei que estaria. fiquei ali, do lado esquerdo, quase sentado no palco. eu, enio e monica. tenta imaginar esse cara ao vivo. aos seus 54 anos stage diving na galera. agora imagina eu ouvindo clássicos como california uber alles, holiday in cambodia e too drunk to fuck. catarse coletiva!
Monday, March 26, 2012
pelo vale do tiquatira [bike #49]
na foto de darcio herrero: eu, gérson e guilherme pedalando na inauguração da terceira ciclofaixa de lazer da cidade de são paulo, no tiquatira, zona leste. rolê #49 do chave-de-boca. o parque linear tiquatira fica num vale, entre os bairros da penha e cangaíba. hoje o córrego é canalizado, mas eu lembro de quando a região era uma imensa várzea. conta dona rita que ela nadava e pegava peixinhos com a peneira. a ciclofaixa tem 14km de extensão e é uma ótima opção pra quem quer pedalar conversando com os amigos e ouvindo histórias. mas lembre-se, só de domingo das 7h às 16h.
Wednesday, March 21, 2012
provo realises that it will lose in the end, but it cannot pass up the chance to make at least one more heartfelt attempt to provoke society.
amsterdã, anos 60 |
quando meus pais estavam na adolescência e moravam numa pequena cidade do interior de são paulo, na inglaterra os beatles estavam lançando os álbuns rubber soul e revolver, e ali perto na holanda estava nascendo um movimento de contracultura que tinha como foco provocar atitudes violentas por parte das autoridades através de ações não violentas. o nome desse grupo era provo, que vem do holandês provocatie, em português provocação. as provocações eram criativas e contavam com o apoio popular. chegaram a colocar as autoridades em muitas gafes. os provos influenciaram o movimento hippie e até o movimento estudantil de maio de 68, tido por alguns filósofos e historiadores como um dos principais movimentos revolucionários do século xx. muito do que vemos em amsterdã nos dias de hoje é fruto dessa semente plantada pelos provos. conta-se que numa ação de provocação contra a ditadura do carro - e isso era anos 60 - os provos espalharam algumas dezenas de bikes brancas (the white bicycle plan) pela cidade para serem usadas pela população. as bicicletas foram recolhidas pelas autoridades por infringir uma lei que dizia que as mesmas não poderiam ficar estacionadas sem cadeado. os provos espalharam as bikes novamente, só que dessa vez com cadeados e as combinações pintadas na bike. estou colocando o plano de maneira bem simplificada e qualquer navegada na internet você consegue se aprofundar na questão. muito dessa tolerância que se tem hoje em dia em relação à maconha, com seus coffee shops, também é fruto das ações que começaram com os provos na década de 60.
penso que todo movimento em prol da conquista de algo bom, não só pra quem participa, mas pra sociedade em geral, deve ser encorajado e divulgado. gostaria eu poder andar de bicicleta com mais segurança pela cidade onde nasci e moro, com respeito mútuo entre motoristas e ciclistas, e ter um transporte coletivo de melhor qualidade. gostaria de poder consumir algo de boa qualidade sem ter que me esconder ou movimentar algo que só traz malefícios sociais, que me empurra a uma contradição e um conflito ético porque a legalização não é interessante pra meia dúzia de gatos pingados que se encontram no poder. gostaria também de trabalhar menos, bem menos. ter mais tempo pra atividades artísticas e a convivência com as pessoas que gosto. e se um dia for pai, ter mais tempo pra educar e dar amor.
como diz um amigo, o jeito é resistir, provocar e praticar o sarcasmo. ou, se recolher na frente da televisão depois de um dia cansativo de trabalho.
jello biafra and the guantanamo school of medicine [discografia]
the audacity of hype (2009)
selo: alternative tentacles
jello biafra (vocals), ralph spight (guitars), jon weiss (drums), billy gould (bass), kimo ball (guitars).
1. the terror of tinytown
2. clean as a thistle
3. new feudalism
4. panic land
5. electronic plantation
6. three strikes
7. strength thru shopping
8. pets eat their master
9. i won't give up
enhanced methods of questioning (2011)
selo: alternative tentacles
1. dot com monte carlo
2. the cells that will not die
3. victory stinks
4. invastion of the mind snatchers
5. miracle penis highway
6. metamorphosis exploration on deviation street jam
visit: alternativetentacles.com
Monday, March 19, 2012
the art of modern rock - the poster explosion
opa. não precisa esperar aniversário, eu aceito esse livro como presente em qualquer data. já tinha publicado uma postagem sobre flyers de shows de rock. é só dar uma navegada nos tags artwork ou silk na sessão por aqui, aqui do lado direito do blog. o livro contem nada mais nada menos que 1600 posters de mais de 200 artistas e estúdios. além da história do movimento silk screen. é a história do rock através de flyers. um must pra quem curte a parada.
the art of modern rock - the poster explosion
paul grushkin & dennis king
Thursday, March 15, 2012
mom, i think i saw a penis!
"o bater de asas de uma borboleta em tóquio pode provocar um furacão em nova iorque" (teoria do caos)
essa guria da foto é janet burston. morreu aos 63 anos devido a um câncer. janet ficou conhecida porque participou da série de curtas our gang, que foi produzida entre os anos 20 e 40. sua estréia na série foi cantando a canção de ninar tippi tippi tin. aí você pergunta: tá, e aí? terá que continuar lendo. mas antes tenho que te falar da próxima guria. essa da foto abaixo.
olha quem está aqui! tipper gore. segunda dama (isso quer dizer que ela foi esposa de um vice-presidente) entre 1993 e 2001. sim, tipper gore foi esposa de al gore. foram casados por 40 anos. se separaram há pouco tempo, você deve lembrar. mas antes que eu entre em outros devaneios e perca a linha de pensamento, tipper não é seu nome. seu nome é mary elizabeth. tipper é um apelidinho por causa da canção de ninar tippi tippi tin. isso, aquela que falei lá em cima, cantada por janet burston no episódio all about hash, da série de curtas our gang. que gracinha! e no seu baile de formatura conheceu al gore. e começaram a namorar imediatamente. assim como mostram os filmes americanos. não é perfeito? mas antes que você peça um lenço, eu ainda preciso te falar que ela foi a co-fundadora da PMRC (the parents music resource center), o grupo responsável por colocar aqueles avisos que vão em capas de LPs e CDs, alertando os pais sobre o conteúdo inapropriado da obra. aqueles que dizem: parental advisory explicit content. ah, antes que eu me esqueça: quando jovem, tipper teve uma banda só de meninas chamada wildcats. isn't that cute?
vamos dar um pulo agora. voltemos no tempo, em meados de 1985. faça um exercício. você é uma garotinha adolescente e está numa loja de discos em los angeles. aí você vê esse álbum:
os fãs de dead kennedys o conhecem bem. esse é o álbum frankenchrist, o terceiro deles. tem clássicos como jock-o-rama e MTV get off the air. você gosta do gênero punk/hardcore e resolve levá-lo pra casa. chegando em casa, você obviamente vai abri-lo. (deu até saudades desses tempos. de adquirir um álbum e não ver a hora de chegar em casa pra escutar). eis que o inesperado acontece:
OH MY GOODNESS! sua mãe fica chocada e resolve acionar o PMRC, que por sua vez, acusa criminalmente a banda, o selo independente alternative tentacles e todos os outros envolvidos por distribuição de conteúdo prejudicial para menores. durante esse período a polícia chegou até a invadir a casa do vocalista jello biafra pra fazer uma busca. o álbum foi banido de várias lojas ao redor do país mas o julgamento acabou absolvendo os acusados. depois do término da banda, jello biafra levou o caso ao programa the oprah winfrey show para discutir a questão de letras de músicas controversas e censura. quem estava lá? sim, tipper gore. e é isso que eu quero te mostrar. por último, mas não menos importante, o poster obsceno é do artista surrealista h.r. ginger e é intitulado: work 219: landscape xx, mais conhecido como penis landscape e é de 1973.
Wednesday, March 14, 2012
why did you do that to me!?
omfg! era só falar tchau, até a próxima. mas a monica veio com essa: você tá sabendo que vai ter show do jello biafra? inferno! depois de ter ouvido os dois álbuns de sua atual banda: jello biafra and the guantanamo school of medicine, assim, exaustivamente, não posso esperar pra começar a ouvir esses três álbuns de uma de suas várias outras bandas: lard. já estão todos baixados. sempre dou aquela aloprada básica nos meus alunos que dizem não conseguir dormir na véspera de uma excursão de escola ou coisa do tipo. sim, estou me sentindo exatamente assim.
lard - the power of lard (1989)
lard - the last temptation of reid (1990)
lard - pure chewing satisfaction (1997)
Tuesday, March 13, 2012
jello biafra and the guantanamo school of medicine - the audacity of hype [2009]
the audacity of hype é uma paródia com o nome do livro que barack obama lançou em 2006: the audacity of hope. acho dead kennedy's muito foda e jello biafra um baita de um frontman. numa conversa com amigos fiquei sabendo que ele estará fazendo show aqui em sampa no próxima dia 24 de março com sua banda jello biafra and the guantanamo school of medicine. esse álbum é de 2009 e contou com billy gould do faith no more no baixo. ano passado lançaram o segundo: enhanced methods of questioning. eu já tô fazendo um esquenta.
track listing: 1. the terror of tinytown / 2. clean as a thistle / 3. new feudalism / 4. panic land / 5. electronic plantation / 6. three strikes / 7. strength thru shopping / 8. pets eat their master / 9. i won´t give up
jello biafra and the guantanamo school of medicine
24 de março de 2012 - sábado às 19h
local: beco 203 sp (rua augusta, 609)
segundo lote: 80 pilas
Monday, March 12, 2012
bar do alemão de bike
bar do alemão? se me conhece, já deve ter ouvido falar. olha aqui o rolezinho que fizemos pra lá nesse domingo. cheers!
chavedebocabikers.blogspot.com
chavedebocabikers.blogspot.com
Saturday, March 10, 2012
pedalar pelado. por quê?
a história do world naked bike ride é muito interessante. em 2004, tanto no canadá como no espanha, aconteceram eventos similares na mesma época, o inconsciente coletivo que tinha vontade de expor o corpo frente a essa indecência que é a política de transporte urbano. é com essas palavras que renata falzoni abre essa matéria sobre a pedalada pelada. nos vídeos, histórias interessantes de pessoas que adotaram a bicicleta como meio de transporte e a experiência de mostrar o corpo na frente de um monte de câmeras, jornalistas e dos próprios amigos. além da reação da polícia. assista esses dois vídeos que tirei do site bicicleteiro.org e entenda as razões da pedalada pelada.
Wednesday, March 07, 2012
subversão em duas rodas
subversão. não pense que vou falar de vandalismo, de revolta gratuita, de inconformismo barato. se você pensa assim, está longe de entender o ponto de vista que vou colocar aqui. vivemos em sociedade. o homem é um ser social. se relaciona. essa sociedade é composta de toda uma estrutura e hierarquia de autoridades: governo, polícia, família, escola, religião e por aí vai. esse é o tal do sistema no qual vivemos. qualquer ato subversivo tem como objetivo destruir as bases da fé que temos no status quo, no atual estado de coisas, no sistema. é um ato de não-conformismo e a história tá cheia de exemplos de que isso muitas vezes não é em vão. a bicicletada é um ato subversivo. é óbvio que no meio das cerca de 500 pessoas que compareceram na bicicletada nacional de ontem, que aconteceu em várias cidades do brasil e até em caracas na venezuela, muitos pensam de maneira diferente. o protesto sobre duas rodas de ontem teve todos os elementos que gosto de ver numa bicicletada: die-ins (ciclistas deitados no chão com suas bikes para simbolizar acidentes e ciclistas mortos no trânsito) bike lifts (levantar a bike no ar com as mãos) pintura de "bicicletinhas" no asfalto (que é de obrigação da cet, como rege o artigo 24 do código de trânsito brasileiro). nos momentos do corking (que é bloquear os semáforos até que todas as bikes passem) os ciclistas aproveitaram para entregar panfletos e flores. você só vai saber o que é estar num evento desse, indo. subversão em duas rodas. e o trânsito? o trânsito somos todos nós.
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