amsterdã, anos 60 |
quando meus pais estavam na adolescência e moravam numa pequena cidade do interior de são paulo, na inglaterra os beatles estavam lançando os álbuns rubber soul e revolver, e ali perto na holanda estava nascendo um movimento de contracultura que tinha como foco provocar atitudes violentas por parte das autoridades através de ações não violentas. o nome desse grupo era provo, que vem do holandês provocatie, em português provocação. as provocações eram criativas e contavam com o apoio popular. chegaram a colocar as autoridades em muitas gafes. os provos influenciaram o movimento hippie e até o movimento estudantil de maio de 68, tido por alguns filósofos e historiadores como um dos principais movimentos revolucionários do século xx. muito do que vemos em amsterdã nos dias de hoje é fruto dessa semente plantada pelos provos. conta-se que numa ação de provocação contra a ditadura do carro - e isso era anos 60 - os provos espalharam algumas dezenas de bikes brancas (the white bicycle plan) pela cidade para serem usadas pela população. as bicicletas foram recolhidas pelas autoridades por infringir uma lei que dizia que as mesmas não poderiam ficar estacionadas sem cadeado. os provos espalharam as bikes novamente, só que dessa vez com cadeados e as combinações pintadas na bike. estou colocando o plano de maneira bem simplificada e qualquer navegada na internet você consegue se aprofundar na questão. muito dessa tolerância que se tem hoje em dia em relação à maconha, com seus coffee shops, também é fruto das ações que começaram com os provos na década de 60.
penso que todo movimento em prol da conquista de algo bom, não só pra quem participa, mas pra sociedade em geral, deve ser encorajado e divulgado. gostaria eu poder andar de bicicleta com mais segurança pela cidade onde nasci e moro, com respeito mútuo entre motoristas e ciclistas, e ter um transporte coletivo de melhor qualidade. gostaria de poder consumir algo de boa qualidade sem ter que me esconder ou movimentar algo que só traz malefícios sociais, que me empurra a uma contradição e um conflito ético porque a legalização não é interessante pra meia dúzia de gatos pingados que se encontram no poder. gostaria também de trabalhar menos, bem menos. ter mais tempo pra atividades artísticas e a convivência com as pessoas que gosto. e se um dia for pai, ter mais tempo pra educar e dar amor.
como diz um amigo, o jeito é resistir, provocar e praticar o sarcasmo. ou, se recolher na frente da televisão depois de um dia cansativo de trabalho.
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