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rio tietê, zona leste de são paulo |
onde a memória é necessária e essencial, e onde não é? pois a memória é uma autoridade para a maioria de nós. memória é toda a experiência acumulada, do passado, da raça, da pessoa; e a reação dessa memória é pensamento. quando denominais hinduísta ou cristão, ou estais ligado a determinado movimento, tudo isso é reação da memória. assim, só o homem que compreendeu realmente toda a anatomia, toda a estrutura da autoridade, da memória, pode experimentar algo totalmente novo. por certo, se há ou não deus, isso só se pode descobrir quando a mente é de todo nova, quando ela já não está condicionada pela tradição de crença ou de descrença. assim, pois, pode-se eliminar completamente a autoridade, a memória, que gera medo e da qual procede o impulso para obedecer? como a maioria de nós está buscando a segurança, numa ou noutra forma, segurança física ou segurança psicológica - para termos segurança externamente, precisamos obedecer à estrutura da sociedade, e, para termos segurança interior, precisamos obedecer à experiência, ao conhecimento, à memória acumulada e armazenada. é possível apagar por inteiro a memória, exceto a memória mecânica da existência diária, que em nada influi, que não cria, não gera mais memória? quanto mais velhos ficamos, mais confiamos na autoridade; e, dessa maneira, todo o nosso pensar se torna estreito, limitado. para podermos operar uma mutação completa, cumpre duvidar a fundo da autoridade. esse duvidar é bem mais importante do que investigar como ficar livre da autoridade; porque, duvidando, desvendaremos a natureza da autoridade, sua significação, seu valor, sua nocividade, seu caráter venenoso. pelo duvidar, descobre-se o que é verdadeiro. é absolutamente necessário duvidar de tudo, de todas as formas de crença e todas as formas de tradição, demolir todo o edifício. do contrário, permaneceremos medíocres.
j. krishnamurti